Leopardo negro foi fotografado pela primeira vez em 100 anos

Afinal, a lenda é mesmo real: uma fêmea leopardo negro, também chamada de pantera negra, não era avistada e registrada há mais de um século.

Os leopardos negros são tão raros, que se julgava que podiam nem sequer existir. E tudo porque apenas 11% da população mundial desses mamíferos é preta. E em África, onde são extremamente raros, a última observação confirmada de uma pantera negra tinha sido em Addis Abeba, na Etiópia, em 1909.

Mas o biólogo norte-americano Nicholas Pilfold após meses de procura, viu finalmente ser recompensado o seu esforço e conseguiu registrar imagens de um leopardo no Quénia, mais a sul do que há 100 anos, onde foi feita a primeira confirmação da sua existência. (Detalhe para fãs de super-heróis: segundo a Marvel Comics, o Quénia faz fronteira com a fictícia Wakanda, onde vive o super-herói Pantera Negra).

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As primeiras imagens foram captadas após meses de observação e espera no Centro de Conservação de Loisaba, no âmbito de uma investigação que procurava fazer uma contagem da população de leopardos perto do condado de Laikipia.

A equipe de investigadores norte-americanos colocou várias câmaras escondidas em 2018, depois de relatos da população de que uma 'pantera negra' andaria pelo local.

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"Colocamos ainda mais câmaras nos locais onde se dizia que tinha sido avistada e, em alguns meses, fomos recompensados com vários registros nas nossas máquinas", contou à CNN Nicholas Pilfold, que publicou na sua conta de Instagram uma dessas imagens.

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Esta pantera negra era uma fêmea ainda jovem e foi vista a passear ao lado de outro leopardo fêmea, provavelmente sua mãe. As câmaras de visão noturna mostram que, apesar de o pelo do animal ser completamente preto, esse continua a ter manchas, tal como um leopardo normal. Pois as manchas tão características da raça só conseguem ser detetadas com recurso à luz infravermelha.

Os leopardos negros, bem como outros animais com esta coloração, têm uma condição denominada melanismo - excesso do pigmento melanina que lhes confere a cor negra, o oposto do albinismo.

A lenda das panteras negras

Nick Pilfold acredita que as panteras negras sejam mais comuns do que se julga. “ Elas têm vivido sempre no Quénia, só que a imagética de alta qualidade para confirmar a existência delas tem faltado”, explica. Mesmo assim, esse é um fenômeno raro, especialmente em África. “O melanismo ocorre globalmente em cerca de 11% dos leopardos, mas a maior parte vive no sudeste asiático. As panteras negras em África são extremamente raras“, concluiu Nick Pilfold.

O autor da fotografia que mostra a rara pantera negra a passear na savana é Will Burrard-Lucas, um artista que tentou encontrar esses animais desde o início de sua carreira. Para ele, “nenhum animal está envolto em tanto mistério, nenhum animal é tão indescritível e não há animal mais bonito“.

“Por muitos anos, eles permaneceram a matéria dos sonhos e das histórias improváveis contadas à volta das fogueiras em um acampamento. Ninguém que eu conheça viu um em estado selvagem e eu nunca pensei conseguir”, descreveu ele no seu blog pessoal.

Estas fotografias foram publicadas na revista científica African Journal of Ecology e representam a primeira documentação científica de uma pantera negra.

Isso é importante porque os leopardos são considerados uma espécie em perigo crítico de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza.

Em breve, estes animais podem desaparecer à conta da caça furtiva, da perda de habitat e da competição por presas. Na verdade, diz o Jardim Zoológico de San Diego, ninguém sabe a que ritmo é que a população de leopardos está a diminuir. Mas tanto Nick Pilfold como o fotógrafo Will Burrard-Lucas esperam que esta descoberta motive as organizações a tomarem mais medidas para proteger a espécie.

As panteras negras são tão respeitadas que, mesmo quando a caça de leopardos era legal, nos anos 50 e 60, ninguém se atrevia a matar uma se a visse. “Quase toda a gente tem uma história em que diz ter visto uma pantera negra, é uma coisa muito mítica. Mesmo quando falamos com homens mais velhos que eram guias no Quénia há muitos anos, quando a caça era legal, era um dado adquirido que ninguém devia caçar uma pantera negra. Se vissem uma não a matavam”, conta Nick Pilfold.


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