Jornalistas descobrem esquema criminoso de exploração e maus-tratos contra cães galgos no RS

As corridas de galgos, proibidas em toda a América do Sul, estão ficando cada vez mais comuns em cidades de fronteira do Rio Grande do Sul, como Quaraí, Uruguaiana, Santana do Livramento e Bagé.

Chamadas de 'carreiras', as corridas irregulares e criminosas foram descobertas com o auxílio de jornalistas do Fantástico, da TV Globo.

Os galgos costumam ser dóceis, mas podem se comportar violentamente quando expostos a medicamentos energéticos antes das competições. Para alguns, isso pode ser divertido, mas a realidade é que tal 'brincadeira' envolve maus-tratos, negligência e muitas apostas em dinheiro às custas dos cachorrinhos.

No mês passado, repórteres da RBS TV acompanharam uma dessas corridas, em Santana do Livramento. Um homem, sem saber que estava sendo gravado, diz que cria galgos de corrida para venda e admitiu as sequelas deles.

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"Quebra uma mão, quebra uma perna. Esse dias, correndo lá em Bagé, quebrou o garrão (pata)", ele disse. Com apostas em dinheiro, a atividade aconteceu numa pista de um bairro da cidade, com pessoas aglomeradas e sem máscaras. Havia crianças entre os frequentadores.

Nas corridas, os galgos correm diante de um pano que imita uma lebre, puxado por um cabo. Eles pensam estar perseguindo a presa, e correm desesperadamente até a linha de chegada. Lá, desesperados e sob efeitos de entorpecentes, começam a atacar uns aos outros.

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Tamanha violência ocorre devido às drogas injetadas nos animais.

"Então eles ficam com uma psique muito agressiva. Aí, muitas vezes, esses animais, ao chegarem nesse final, são frustrados no seu objetivo, que seria capturar aquele coelho (lebre), e acabam voltando essa agressividade, essa energia toda concentrada neles, neles próprios", explica o professor João Sérgio de Azevedo, da Faculdade de Medicina Veterinária da Ulbra.

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"As cafeínas funcionam de forma muito semelhante às anfetaminas. Elas são estimulantes. Em doses excessivas, como é normalmente o uso nas corridas, ela faz uma hiperexcitação do sistema nervoso central do cão. Então, ela causa confusão mental, pode causar convulsões. Causa grandes oscilações na frequência cardíaca", explicou o veterinário Henrique Noronha, diretor do Departamento de Bem Estar Animal do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG).

Tal prática (e venda) é criminosa. "Abominamos a prática de maus-tratos. Consideramos que se efetivamente apurados e comprovados, as punições legais devem ser exemplarmente aplicadas" declarou Lopes, em nota.