14 exemplos de como nossas ações estão mudando o curso da evolução na Terra

A era contemporânea em que vivemos enfatiza o homem como o centro de todas as coisas na Terra, para o bem ou para o mal. Ao passo que prosperamos em enormes áreas urbanas, aprimoramos nossas tecnologias e prolongamos nossa expectativa de vida, também somos responsáveis pela extinção de espécies vulneráveis, pela poluição das águas e pela redução dos habitats naturais dos seres vivos.

Nos transformamos em agentes catalisadores de outros organismos, interferindo em seu desenvolvimento genético e evolucionário. É interessante notar que as mariposas não voam até a luz, e as andorinhas agora têm asas e rabos mais curtos para evitar que sejam atropeladas por carros. Assim, a natureza se maneja contra as dificuldades (e até a ameaça) apresentadas por nós, humanos.

Compilamos uma lista com 14 exemplos de como nossas ações estão mudando o curso da evolução na Terra. Confira!

As asas das andorinhas se tornaram mais curtas para que as aves voem mais rápido quando se aproximam dos carros

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Após duas décadas observando as andorinhas urbanas, o biólogo norte-americano Charles R. Brown chegou à conclusão de que suas asas e rabos se tornaram mais curtos.

A explicação é bastante simples: as aves com asas menores requerem menos tempo e espaço para manobrar na hora de sair de uma estrada quando um carro se aproxima. As aves com asas longas eram atropeladas com maior frequência.

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As mariposas das cidades estão tão acostumadas com a iluminação que deixaram de voar para a luz

Uma equipe de pesquisadores da Suíça descobriram após uma série de experimentos que as mariposas das cidades já não reagem à luz, e até mesmo a evitam. Uma grande quantidade de iluminação, que é habitual em qualquer metrópole, influenciou no fato de as populações de mariposas nascerem com menos interesse nas luzes e, o que, por sua vez, aumentou suas possibilidades de sobreviver e, assim, produzir descendentes.

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Os dentes de leão nas cidades não são tão grandes porque essas plantas mudaram suas táticas de reprodução

As sementes de dente de leão, naturalmente, voam com o vento para longe da planta para não amontoar-se. Portanto, os exemplares são comuns. No entanto, a selva de pedra representada pelas cidades deixou sua marca nessas flores: é difícil encontrar terra fértil entre as ruas asfaltadas e pavimentadas.

As possibilidades de sobrevivência são maiores se as sementes caem em local próximo da planta mãe, onde definitivamente há solo. Portanto, nas cidades, cada vez crescem mais dentes de leão pequenos, com folhas quase imperceptíveis, mas com sementes grandes.

Um orangotango aprendeu a caçar com uma lança dos pescadores de Bornéu

Um orangotango que passou a juventude em uma reserva ecológica em grande contato com as pessoas passou a copiar o seu comportamento, especialmente o comportamento dos pescadores da reserva. Ele aprendeu a manusear uma lança e a caçar peixes.

Interessante notar que este não é um caso isolado. Por exemplo, recentemente, os cientistas observaram um grupo de orangotangos cujos membros faziam ganchos de arame para retirar guloseimas de tubos de várias formas. Essa foi sua ideia pessoal, inventada em poucos minutos. Repetiu-se um experimento similar com crianças de 5 anos, mas o resultado foi que elas não conseguiram descobrir como usar um arame e tentaram resolver o problema de uma maneira nada efetiva.

Os lobos que crescem com humanos se comportam como cachorros, mas são melhores fazendo tarefas complexas

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Uma publicação compartilhada por Wolf Science Center (@wolfscience) em 14 de Jun, 2018 às 6:22 PDT

Na Austrália, um grupo de biólogos criaram lobos em cativeiro para demonstrar que esses animais podem ser treinados da mesma maneira que os cães.

No entanto, diferentemente deles, os lobos não só obedecem a uma pessoa, como também tomam a iniciativa para resolver problemas complexos. Essa descoberta demonstrou que a amizade com as pessoas não é o resultado da domesticação dos cães, mas sim uma habilidade herdada dos lobos.

Para eles, a capacidade de colaborar com outras espécies é uma oportunidade para obter alimentos mais facilmente. Provavelmente, na antiguidade, os ancestrais humanos e os lobos viveram juntos, como fazem agora com os macacos no centro da Etiópia.

Não se sabe o que os primatas obtêm dessa amizade, mas os lobos comem roedores, que ficam muito mais fáceis de serem capturados na presença de macacos.

As novas gerações de elefantes nascem cada vez mais sem suas presas, com o fim de aumentar as possibilidades de sobrevivência

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Uma publicação compartilhada por ElephantVoices (@elephantvoices) em 13 de Jan, 2019 às 10:32 PST

Estudos do século XX afirmavam que entre 2% e 4% de todos os elefantes africanos não desenvolviam presas até a idade adulta.

Esse número dobrou nos últimos anos, como uma maneira evolutiva de proteger estes mamíferos dos caçadores de marfim. Como resultado, a população de elefantes vem crescendo.

O lixo ajudou um rebanho de babuínos a evoluir para uma comunidade mais inteligente

Em diferentes espécies de mamíferos, sobretudo primatas, reina uma espécie de 'ditadura', onde os machos alfa mandam de forma absoluta.

Um grupo de macacos foi observado pelo biólogo Robert Sapolsky, que encontraram uma lixeira próxima a um hotel. Outro grupo vivia perto. Por isso, somente os machos alfa, dispostos a brigar com estranhos, eram enviados diariamente ao lixo para buscar comida.

O resto seguia comendo o que encontrava de forma habitual, para não entrar em conflito com aqueles que estavam no topo do poder.

Uma vez, os machos alfa, devido ao fato de a carne estar contaminada, infectaram-se com tuberculose e morreram em poucos dias. Somente os menos agressivos, mas mais sociáveis, ficaram no bando, o que levou a uma revolução nas relações entre os macacos.

As brigas cessaram, e os machos começaram a se limpar, algo que era considerado uma prerrogativa das fêmeas. As relações dentro do bando mudaram: se antes o novo macho precisava até 3 meses para que as fêmeas o notassem, esse tempo se reduziu em vários dias. Tal ordem de comportamento se tornou comum, e até mesmo os recém-chegados adotaram as regras inusitadas.

O chapim-real, em toda a Grã-Bretanha, aprendeu a roubar comida das pessoas e ensina isso a seus filhos

No início do século XX (1901-2000), as aves chapins-reais e os piscos-de-peito-ruivo memorizavam o tempo de entrega da nata pelos comerciantes e aprendiam como abrir os frascos que a continham.

De modo a protegerem o produto, os leiteiros começaram a usar papel de alumínio para fechá-lo. Em resposta, os chapins-reais começaram a perfurar o recipiente com o bico. Pouco a pouco, alguns pintarroxos também dominaram essa técnica.

E, para alguns leiteiros, as tampas de plástico se transformaram na salvação. Outro dado interessante é que os chapins-reais que dominaram a abertura dos recipientes rapidamente mostraram essa técnica a outros pássaros da mesma espécie em todo o país.

Essa é a vantagem da vida em grupo. Enquanto isso, os piscos-de-peito-ruivo, que preferem viver sozinhos, muitas vezes aprendem apenas por sua própria experiência, portanto, não são capazes de passar o segredo de abrir a nata para as próximas gerações ou para outros pássaros de sua espécie.

Devido às novas leis sobre a caça na Suécia, as mães ursas começaram a criar seus filhotes de forma diferente

Na década passada, as ursas que vivem no território suíço aumentaram o período durante o qual criam seus filhos em um ano, em média.

Pesquisadores acreditam que essa seja uma reação a uma nova lei que estabelece que é permitido matar ursos solitários sem uma licença especial.

Elas não abandonam seus filhotes mesmo depois da data em que, oficialmente, começa a temporada de caça, o que aumenta as possibilidades de os filhotes e de elas próprias sobreviverem.

Ao mesmo tempo, as ursas têm passado, deliberadamente, a viver mais próximas das pessoas, como forma se proteger dos machos adultos, que geralmente atacam os filhotes, mas não estão dispostos a enfrentar os humanos.

Os chimpanzés podem inventar suas próprias canções depois de escutarem música humana

Um jovem chimpanzé chamado Barney foi criado por um cientista e vivia em uma cidade onde escutava música diariamente.

Certa vez, ele se aproximou de uma bateria e tocou várias melodias. Os observadores, muito impressionados, analisaram a gravação de sons e reconheceram que Barney não só improvisou, como também manteve o ritmo, ou seja, compôs a música conscientemente.

Os caranguejos com cara de samurai apareceram devido aos assustados pescadores japoneses

De acordo com uma história japonesa, a população de caranguejos cujo padrão de casco se assemelha com o rosto de um samurai surgiu como uma reação à pesca da espécie.

O povo nipônico acreditava que essas eram as almas dos guerreiros mortos que pereceram durante a Batalha de Dan-no-ura. Portanto, quando capturavam esses exemplares, os devolviam ao mar. Com o tempo, segundo vários cientistas, entre eles o famoso Carl Sagan, esses animais com uma mutação inusitada se multiplicaram e formaram uma espécie à parte.

Os sapos aprenderam a viver em poças de ácido

Descobriu-se que muitos anfíbios da espécie Ranas arvalis aprenderam a viver em um ambiente acidificado e podem transmitir essa capacidade às gerações futuras.

Assim, a natureza desenvolveu neles uma proteção contra a chuva ácida, que apareceu devido às emissões de gases tóxicos.

Durante milhares de anos, os gatos aprenderam a produzir diferentes sons para manipular as pessoas

Pesquisadores da Universidade de Yale, nos EUA, chegaram à conclusão de que os gatos não miam para se comunicar entre si, mas para obter das pessoas o que querem.

A equipe de cientistas gravou 100 sons diferentes que foram feitos por uma dezena de gatos. Então, um grupo de voluntários escutou essas gravações. Foi pedido a eles que determinassem quais miados soavam agradáveis, incômodos ou até mesmo alarmantes.

Um estudo seguinte demonstrou que os gatos pedem algo fazendo sons fortes, baixos e longos. Os sons curtos, altos e agradáveis indicam que o animal quer que o acariciem ou lhe deem algo para comer.

Os felinos não se comunicam conosco. Na verdade, apelam para nossas emoções. É provável que os gatos selvagens não tenham essa habilidade; eles não possuem experiência na comunicação com as pessoas, já que, em seu habitat, não existe razão para desenvolver esse tipo de capacidade.

As novas gerações de peixes estão ficando menores para diminuir o interesse dos pescadores

Os pescadores preferem fisgar os peixes grandes. Como resultado de tal seleção artificial, na natureza permanecem mais exemplares cujo tamanho, por uma razão ou outra, é inferior à norma.

Essa característica aparece gradualmente nas novas gerações: devido a isso, até mesmo salmão de hoje é muito menor que seus antepassados que viviam no mesmo lugar há meio século.


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Escrito por Gabriel Pietro